Data: 14/11/2025 -
Horário: 08:00
Local: Online
Aluna: Fernanda Assunção Valim
Orientador(a): White José dos Santos
Co-Orientador(a): Rodrigo Barreto Caldas
Título: Influência da Umidade no Comportamento de Alvenaria Estrutural de Tijolos de Solo-Cimento com Diferentes Tipos de Juntas Finas
Banca: Prof. Dr. White José dos Santos (UFMG)
Prof. Dr. Rodrigo Barreto Caldas - Coorientador (DEES - UFMG)
Prof. Dr. Lucas Ribeiro dos Santos (DEES - UFMG)
Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian (UFSCar)
Prof. Dr. Humberto Salazar Amorim Varum (Universidade do Porto)
Prof. Dr. Gihad Mohamad (UFSM)
Resumo:
A alvenaria estrutural de tijolos de solo-cimento tem se destacado como uma alternativa
sustentável para sistemas construtivos, unindo baixo impacto ambiental, viabilidade econômica
e desempenho mecânico satisfatório; entretanto, suas propriedades podem variar
significativamente em função das características dos materiais constituintes e das condições de
umidade a que são submetidas. O objetivo deste estudo é analisar o comportamento mecânico
da alvenaria estrutural de tijolos de solo-cimento com juntas finas, em função da umidade
relativa do ar (UR). Foram utilizados dois tipos de tijolos de solo cimento, denominados TSC1
e TSC2, provenientes de diferentes fornecedores da cidade de Belo Horizonte MG, e três tipos
de juntas finas: cola acrílica, argamassa colante e argamassa polimérica. Os tijolos e a
argamassa colante foram caracterizados física, química e mecanicamente. Foram
confeccionados prismas para determinação da resistência à compressão nas condições de seco
em estufa (0% de UR), 30%, 50%, 70%, 90% e saturado (100% de UR), e da resistência ao
cisalhamento nas condições de seco em estufa, 50% de UR e saturado. Com base nos resultados,
a argamassa colante foi selecionada para a confecção de pequenas paredes e paredes, com o
objetivo de investigar o comportamento mecânico nas condições de seco ambiente e saturado,
por imersão e por aspersão, respectivamente. Os resultados indicaram que o estado crítico
ocorre na condição de saturação do material, embora a UR tenha influenciado
significativamente o desempenho mecânico dos dois tipos de tijolos e da argamassa colante. Os
maiores valores de resistência à compressão, para ambos os tijolos analisados, foram
observados na condição de seco em estufa. A argamassa colante, entretanto, apresentou redução
de resistência nessa condição, possivelmente em função da temperatura de secagem (105 °C).
Nos tijolos TSC1, os prismas com argamassa colante apresentaram as maiores resistências à
compressão para todos os níveis de UR, seguidos pelos prismas com argamassa polimérica e,
por último, pelos de cola acrílica. A queda de resistência à compressão da condição seca em
estufa para saturada variou entre 57% e 59%, independentemente do tipo de junta, evidenciando
que a saturação foi determinante na redução da resistência. Para os tijolos TSC2, os prismas
com argamassa colante e polimérica apresentaram resistências semelhantes a partir de 50% deUR, sendo que, na condição seca, a argamassa colante resultou em resistência 17,86% superior
à da argamassa polimérica. Os prismas com cola acrílica foram os menos resistentes em todas
as condições de UR. Em todos os casos, verificou-se perda de rigidez com o aumento da UR,
sendo os menores módulos de deformação observados na condição saturada, o que confirma a
influência significativa da umidade na deformabilidade da alvenaria. O modo de falha dos
prismas com cola acrílica foi predominantemente por fissuração vertical de tração nos tijolos,
independente da UR; os prismas com argamassa colante apresentaram modos de falha
governados pelas relações entre os módulos de deformação e as resistências dos materiais
constituintes; e os prismas com argamassa polimérica exibiram falha combinada por fissuração
vertical e esmagamento dos tijolos em todas as condições estudadas. As pequenas paredes
saturadas apresentaram redução de aproximadamente 48,87% na resistência à compressão e de
cerca de 17% no módulo de deformação. As paredes apresentaram comportamento semelhante,
com reduções de 55,10% e 22,33% na resistência à compressão e no módulo de deformação,
respectivamente, ao passar da condição seca para a saturada. Conclui-se que o comportamento
mecânico da alvenaria de tijolos de solo cimento está diretamente relacionado à umidade
relativa do ar, sendo essencial considerar essa variável nos cálculos de capacidade de carga para
fins de projeto estrutural, a fim de garantir a segurança, durabilidade e confiabilidade da
alvenaria.